Israel e Hamas negociam no Cairo plano de paz em Gaza sob pressão de Trump
Palestinos olham para fumaça ao longe de ataque de Israel na Faixa de Gaza em 5 de outubro de 2025. REUTERS/Mahmoud Issa Negociadores israelenses e do grupo te...

Palestinos olham para fumaça ao longe de ataque de Israel na Faixa de Gaza em 5 de outubro de 2025. REUTERS/Mahmoud Issa Negociadores israelenses e do grupo terrorista Hamas são esperados neste domingo (5) no Cairo para negociar com mediação do Egito e dos EUA o plano de Donald Trump para encerrar a guerra na Faixa de Gaza e garantir a libertação dos reféns —algo que Netanyahu disse esperar "nos próximos dias". ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O enviado americano Steve Witkoff e o genro de Donald Trump, Jared Kushner, também são esperados no Egito para essas tratativas. Uma porta-voz do governo Netanyahu disse neste domingo que a delegação israelense sairá de Israel rumo ao Egito neste domingo, e que as conversas começarão na segunda-feira. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que "reuniões estão acontecendo" neste domingo e disse esperar finalizar rapidamente a logística para uma primeira fase da proposta e a soltura dos reféns. Rubio disse que "90% do acordo está concluído, e estamos finalizando a parte logística". Um oficial do Hamas afirmou à agência de notícias AFP neste domingo que o grupo busca um resultado positivo nessas negociações no Cairo para começar "imediatamente" a libertação dos reféns israelenses em troca da soltura de prisioneiros palestinos mantidos por Israel. Essa intensa movimentação diplomática, a dois dias do segundo aniversário do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, ocorre após a resposta positiva do grupo terrorista palestino ao plano de paz apresentado no final de setembro pelo presidente americano Donald Trump. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou em discurso televisionado no sábado que enviou sua equipe de negociadores ao Egito, país mediador das tratativas de paz, para "finalizar os detalhes técnicos", e que espera que todos os reféns mantidos em Gaza sejam trazidos de volta "nos próximos dias". O canal "Al-Qahera News", ligado aos serviços de inteligência egípcios, informou que Israel e Hamas realizarão negociações indiretas no domingo e na segunda-feira no Cairo, com o objetivo de libertar os reféns e prisioneiros que cada lado mantém. Donald Trump advertiu que não "toleraria qualquer atraso" na implementação de seu plano, que prevê um cessar-fogo, a libertação dos reféns em até 72 horas, a retirada gradual do exército israelense de Gaza, o desarmamento do Hamas e o exílio de seus combatentes. Ele também afirmou que Israel aceitou uma primeira "linha de retirada" entre 1,5 e 3,5 km dentro das fronteiras do território palestino, e que um cessar-fogo anterior à troca de prisioneiros "entrará imediatamente em vigor" assim que o Hamas o aceitar. ATAQUE: Israel bombardeia Gaza antes de reunião sobre plano de paz proposto por Trump, diz agência DETALHES: Plano dos EUA para Gaza tem ultimato ao Hamas, apoio internacional e temor de moradores Hamas concorda com plano, mas ataques continuam Primeiro-ministro de Israel diz que espera libertação total de reféns em Gaza nos próximos dias Na noite de sexta-feira, o Hamas declarou estar pronto para negociações imediatas visando à libertação dos reféns e ao fim da guerra, dentro do plano proposto. O presidente americano então pediu a Israel que "pare imediatamente os bombardeios em Gaza, para que possamos retirar os reféns de forma rápida e segura". Apesar do apelo do presidente americano, Israel continuou no sábado com os ataques à Faixa de Gaza, onde pelo menos 57 pessoas foram mortas durante o dia, segundo a Defesa Civil, que opera sob autoridade do Hamas. O grupo terrorista, por sua vez, não mencionou a questão de seu próprio desarmamento. "Isso acontecerá ou diplomaticamente pelo plano de Trump, ou militarmente por nós", declarou Netanyahu em seu pronunciamento. Como ocorre todos os sábados à noite, manifestações pedindo a libertação dos reféns foram realizadas em Jerusalém e Tel Aviv. "O povo quer paz", diziam os cartazes. Manifestações em prol da Palestina mobilizaram milhares de pessoas na Europa na véspera. Em Gaza, a continuidade dos bombardeios causa desespero na população, que havia comemorado a resposta do Hamas ao plano Trump. "Quem vai parar Israel agora? As negociações precisam avançar mais rápido para acabar com esse genocídio e esse banho de sangue interminável", disse Mahmoud al-Ghazi, de 39 anos, na cidade de Gaza, onde Israel conduz uma ofensiva de grande escala. Plano de Trump prevê tecnocratas e força internacional Ao lado de Netanyahu, Trump apresentou plano para o futuro de Gaza Evan Vucci/AP O plano americano também prevê a criação de uma autoridade de transição composta por tecnocratas sob supervisão de Donald Trump, além do envio de uma força internacional. O plano exclui qualquer papel do Hamas "na governança de Gaza". No entanto, em sua resposta ao plano na sexta-feira, o Hamas afirmou que pretende participar das discussões sobre o futuro do território. O ataque de 7 de outubro resultou na morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 47 continuam reféns em Gaza, das quais 25 estão mortas, segundo o exército. A ofensiva de represália israelense causou pelo menos 67.074 mortes em Gaza, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.